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O olheiro da vez é o Mané
É assim que Manoel Orlandi, 19 anos, neto de Boni e descobridor de Mallu Magalhães, é conhecido
Braulio Lorentz
Quem conhece o estudante de cinema Manoel Orlandi Brasil, 19 anos, diagnostica na hora a principal característica do jovem produtor: a capacidade de, sem muito alarde, juntar pessoas com interesses semelhantes. Pinçar talentos (sobretudo garotas) na internet e alçá-los para fora do mundo virtual é outra artimanha que procura dominar. Neto do megaprodutor Boni e sobrinho de Boninho, que construíram sua carreira na Rede Globo, "Mané" (como todos à sua volta o chamam) foi o primeiro a ver que a cantora e compositora Mallu Magalhães, 16, era mais do que uma tocadora de violão de quarto. Depois do estouro da moça acreditou no toque de Midas: investe no grupo de rock manso Jennifer Lo-fi, que tem na doçura da vocalista Sabine Holler, 18, ele considera, seu trunfo.
– O talento da Mallu despertou meu interesse em produzir – confirma Orlandi. – Do mesmo jeito que ela estava brincando de ser cantora, eu brincava de ser agente. Acho mais fácil identificar uma garota talentosa do que um menino.
De seu quarto, num apartamento de um condomínio fechado em Panamby, Zona Sul de São Paulo, administra um selo de pós-rock com bandas catalogadas no site www.sinewave.com.br e burila formas de divulgar os artistas com os quais trabalha. Diversas vezes, as ideias sequer saem dos arredores de sua cama. Como no web show desta semana com o Jennifer Lo-fi, criado para suprir os buracos no calendário de apresentações.
Em 2006, começou a organizar shows de hardcore em pequenos clubes da capital paulista. Pouco antes disso, tentou aprender violão, mas percebeu que não era exatamente sua praia.
– Sempre gostei de música e de cinema, mas nunca fui muito bom em nada – entrega. – Realmente não tenho talento para a música. Se me botarem para puxar palma em show é capaz de fazer errado. O que posso é fazer acontecer.
Produção de filmes é outra atividade da qual crê não poder escapar. Quando na faculdade ficam empurrando as tarefas da produção para os outros, ele é dos primeiros a aceitar a incumbência.
Orlandi não descarta incursões pela TV, meio em que seu avô e tio tanto se destacaram. Não chega a ser um objetivo de vida.
– Tenho orgulho da minha família – reconhece. – Mas não frequentei muito set de gravação. Só fiquei fascinado quando fui ao Altas horas com a Mallu.
A amizade com a dona dos hits Tchubaruba e J1 veio por meio de amigos em comum. A relação se fortaleceu em almoços e jantares na casa da avó de Orlandi, Regina Boni.
– Apesar das discussões, partilhamos interesses e experiências nesse mundo de sentir – resume Mallu. – Mané e eu caminhávamos discutindo tropicalismo e brincando de guerra de água. Assistimos juntos a Amélie Poulain, Os sonhadores, Quase famosos...
A cantora diz que se lembra bem do dia em que o amigo, vendo começar o projeto Levi’s Music, que patrocina artistas independentes, se aproximou de Rafael Rossato, diretor da produtora Agência de Música. Após apresentar o som da garota, o publicitário gaúcho se tornou empresário de Mallu. Ela, claro, foi o primeiro nome do projeto da marca de roupas gerido por Rossato.
– O que penso se encaixa com a Agência de Música – garante Orlandi. – Eles têm uma proposta de trabalhar pela internet e também de achar meios alternativos para se virar no mercado de hoje.
Grata ao amigo quebra-galho, Mallu descreve o início da trajetória de seu primeiro produtor:
– Ele foi meio que tentando fazer as coisas acontecerem para mim. Atendia desde entrevistas até gravadoras. Mané me mostra sempre com o que anda trabalhando. Vou muito aos ensaios.
Num deles, foi escalada para uma participação em The bear on it’s cavern, música do Jennifer Lo-fi. Ela tocou escaleta e deu pitacos nos arranjos. Como Mallu, a vocalista do grupo destaca seu empenho.
– As ideias são todas dele – reconhece Sabine. – Ele sempre resolve. Deu dinheiro para os primeiros ensaios e os shows são marcados por ele. A proposta de ter um EP branco e outro preto, um mais leve e outro agitado, foi dele.
Mané, mais uma vez, foi a ponte para que a Jennifer Lo-fi conseguisse o patrocínio da Levi’s.
– Hoje, faço a função de uma equipe. Procuro saber quem é o ideal para a banda e chamar o melhor para cada área – conta Mané.
Diretor geral de mídia da agência de publicidade AlmapBBDO, Paulo Camossa, 43 anos, é citado por Mané como um de seus incentivadores. Ele conheceu o garoto por meio da filha, Amanda.
– Ele tem repertório impressionante e ideias arejadas, expostas numa sintaxe adolescente – descreve Camossa. – Aos 15 anos, sabia o que queria, e sabia também que era um garoto incomum. Logo de cara o achei um menino adorável, simpático, único e cativante. Impossível não gostar dele. Juro: não conheço quem não goste. Está sempre querendo conhecer alguém, e o faz única e exclusivamente porque percebeu que é assim que pode transformar suas ideias em realidade. O que ele fez pela Mallu e a história da Jennifer Lo-Fi são evidências do que carrega consigo: informação, intuição, iniciativa e relacionamentos.
Jornal do Brasil